O Modelo de Processo Dual para lidar com o Luto, desenvolvido por
Margaret Stroebe e Henk Schut, é uma estrutura significativa na pesquisa sobre
luto que oferece uma abordagem diferenciada para entender como os indivÃduos
lidam com as complexidades da perda.
Introduzido na década de 1990, esse modelo enfatiza que o
enfrentamento eficaz envolve oscilação entre dois tipos primários de
estressores: processos orientados para a perda e processos orientados para a
restauração (Stroebe & Schut, 1999).
Componentes principais do modelo
1. Coping Orientado para Perdas:
Esta dimensão foca em atividades e processos cognitivos
diretamente relacionados ao luto.
Envolve lidar com emoções associadas à perda, como tristeza,
anseio e reminiscências sobre a pessoa falecida.
IndivÃduos envolvidos em coping orientado para perdas podem
experimentar reações intensas de luto, incluindo choro, falar sobre sua perda e
buscar conexões por meio de memórias ou rituais.
Essas atividades permitem que eles confrontem e processem sua
tristeza (Stroebe & Schut, 2010).
2. Coping Orientado para a Restauração:
Em contraste, esse tipo de coping enfatiza lidar com os
estressores secundários que surgem devido à perda.
Esses estressores geralmente envolvem ajustes às mudanças de vida,
assumir novos papéis e gerenciar tarefas práticas que podem não ter sido
consideradas anteriormente.
Atividades orientadas para a restauração podem incluir aprender
novas habilidades, reorganizar rotinas ou redefinir a identidade de alguém sem
o falecido.
Por exemplo, uma viúva pode ter que administrar finanças que seu
parceiro antes supervisionava ou um adolescente que perdeu um dos pais pode se
adaptar a assumir mais responsabilidades domésticas (Stroebe & Schut,
1999).
Oscilação: O EquilÃbrio Dinâmico
Um aspecto distintivo do Modelo de Processo Dual é o conceito de oscilação,
que se refere ao movimento natural e necessário entre o enfrentamento orientado
para a perda e o enfrentamento orientado para a restauração.
Ao contrário dos modelos que sugerem uma progressão linear através
do luto, o modelo de Stroebe e Schut reconhece que lidar com o luto não é um
processo direto ou previsÃvel.
Em vez disso, os indivÃduos alternam entre se envolver com seu
luto e se concentrar em outros aspectos da vida (Stroebe & Schut, 2010).
Essa oscilação é essencial para o enfrentamento adaptativo, pois
permite que os indivÃduos enfrentem sua dor enquanto também mantêm a
funcionalidade e participam da vida.
Por exemplo, uma pessoa em luto pode passar um dia imersa em
memórias e tristeza, mas mudar seu foco para o trabalho ou atividades sociais
no dia seguinte.
Essa fluidez reconhece que focar somente na dor ou evitá-la
completamente pode ser um meio ruim para a adaptação, enquanto a oscilação
equilibrada apoia a resiliência e a recuperação a longo prazo.
Suporte empÃrico e aplicações
O Modelo de Processo Dual recebeu apoio empÃrico por meio de
vários estudos que ilustram como indivÃduos enlutados alternam naturalmente
entre focar em sua perda e se envolver em atividades restaurativas.
Pesquisas mostraram que aqueles que equilibram efetivamente esses
mecanismos de enfrentamento estão mais bem equipados para se ajustar à vida sem
seu ente querido e são menos propensos a desenvolver um luto complicado, que
envolve luto persistente e intenso que prejudica o funcionamento diário
(Richardson, 2010).
As aplicações do modelo têm sido amplamente difundidas em
ambientes clÃnicos e não clÃnicos.
Conselheiros e terapeutas de luto frequentemente o usam como um
guia para ajudar os clientes a entender que é normal ter dias focados na
tristeza e outros em que eles mudam sua atenção para atividades diárias e
resolução de problemas.
Ele também fornece uma estrutura para aqueles que apoiam os
enlutados para validar ambos os tipos de enfrentamento sem julgamento (Stroebe
et al., 2005).
Conclusão
O Modelo de Processo Dual de Lidar com o Luto de Stroebe e Schut
apresenta uma compreensão abrangente e realista do luto como uma experiência
flutuante em vez de uma jornada fixa.
Ao reconhecer a natureza dual do enfrentamento e a importância da
oscilação, este modelo permite uma abordagem compassiva que reconhece a
complexidade das emoções humanas e as estratégias adaptativas que os indivÃduos
empregam para reconstruir suas vidas após a perda.
A ênfase do modelo na flexibilidade e no equilÃbrio o tornou uma
ferramenta valiosa em contextos teóricos e práticos de suporte ao luto.
Referências
Richardson, VE (2010). O modelo de processo dual de enfrentamento
do luto: Uma década depois. Omega: Journal of Death and Dying, 61(4),
269-271.
Stroebe, M., & Schut, H. (1999). O modelo de processo dual de
enfrentamento do luto: Justificativa e descrição. Death Studies, 23 (3),
197-224. https://doi.org/10.1080/074811899201046
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